27.11.11

IMAGENS DO MEU OLHAR - CREPÚSCULO À BEIRA TEJO, EM VILA FRANCA DE XIRA






Ontem, fim de tarde com barcos no espelho do Tejo e sombras a alongarem-se pelas margens. Doçura e serenidade. Hora partilhada,perfeita. 
















































Fotos © Méon

23.11.11

"VEMOS, OUVIMOS E LEMOS. NÃO PODEMOS IGNORAR..." Sophia de M B Andersen

Antero Valério com este cartoon, e António Manuel Pina com a crónica de hoje no JN dão voz à nossa indignação. Continua a vergonha da Madeira!






«Na Madeira o Carnaval financeiro continua animado. Desta vez (crise? qual crise?) são três milhões de euros só para iluminações natalícias e fogo-de-artifício que, com o "programa de animação" dos ilhéus, que andavam desanimados desde que Jardim confessou estar "entalado" com dívidas e não ter mais euros para distribuir (entretanto, porém, já terá pedido ajuda a Passos Coelho), poderão chegar a 5 milhões. A pagar pelos subsídios de férias e Natal adivinhe-se de quem.
Uma verdadeira festa à madeirense: financiamento com dinheiros públicos dos negócios de empresários de hotelaria e comerciantes locais, tudo gente amiga que, como de costume, não gastará um chavo, limitando-se a ficar eternamente grata a Jardim e a embolsar lucros com incontáveis e embasbacadas multidões de turistas que "vai vir em 'charters'" da China e do Mundo inteiro para ver as "iluminações"; e contratação das "iluminações" por ajuste directo à empresa de um ex-deputado do (surpresa!) PSD-M e por um preço meio milhão acima do valor por que ela se propusera fazê-las em concurso público entretanto anulado após impugnação de outros concorrentes.
Enquanto isso, por cá, os "cubanos" passarão o Natal às escuras pois, como diz o Governo da "troika" (ou lá de quem ele é), é preciso empobrecer. É a nova versão da fábula da cigarra e da formiga, com a cigarra sempre a folgar e a formiga, na penúria, a trabalhar para lhe pagar os folguedos.»

(Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 23 nov 2011)



22.11.11

GREVE GERAL - 24 NOVEMBRO




O meu amigo Venerando de Matos publicou este texto no seu blogue. Transcrevê-lo é a minha forma de estar com esta luta.

 GREVE GERAL

«Penso que, nos dias que correm, fazer uma greve geral já não é suficiente para travar o atual processo de destruição da democracia e da dignidade humana que está em curso na Europa.
Mas a greve geral é ainda o último patamar antes de se chegar a vias mais radicais para combater a atual situação de retrocesso civilizacional em que o poder financeiro e os seus aliados políticos e ideológicos tentam lançar Portugal e a Europa.

A greve geral pode ter um significado como descarga de frustrações e de raivas contra o actual estado de coisas, contra uma “troika”, um governo e um orçamento que desrespeitam a democracia, a cidadania, o trabalho, a lei e a Constituição.
Mas hoje já não estamos perante um “mero” conflito social. Estamos em guerra.
Uma guerra entre o poder financeiro, que se vai instalando sem legitimidade democrática, para já “apenas” na Grécia e na Itália, mas que se move à sombra de “troikas”, bancos centrais, agências de rating, comissões europeias, srª Merkel, e outras instituições não democráticas, que começaram por exigir a destruição dos direitos sociais, dos direitos democráticos consagrados na lei e nas Constituições, dos rendimentos do trabalho, e da dignidade dos cidadãos, em nome da austeridade para “acalmar” os seus “mercados” e em nome da salvação do mesmo poder financeiro que nos pretende lançar na miséria e, em ultima instância, na guerra.

A Greve Geral pode ser assim, “apenas” um forte aviso a esses poderes, uma primeira etapa pacifica, mas que deverá subir o patamar no modo de mostrar o descontentamento dos cidadãos, se esses poderes se limitarem a ridicularizar e a ignorarem esse descontentamento.
A guerra desencadeada pelo poder financeiro contra os cidadãos europeus nunca poderá ser ganha pelos cidadãos e trabalhadores europeus se cada um se isolar no seu espaço nacional.

Daqui para a frente devemos usar as mesmas armas desse poder terrorista: as greves têm de ser europeias, as manifestações no mesmo dia em todas as capitais europeias e, se nada se alterar, as ruas devem ser ocupadas por toda a Europa até que esses poderes não democráticos cedam o seu lugar a uma comissão europeia eleita pelos cidadãos, a um banco central europeu controlado pelos cidadãos e a um presidente europeu escolhido livremente por todos nós.
Os cidadãos devem exigir depois a igualdade de direitos, sociais, económicos, financeiros e culturais para todos os povos da União Europeia.

Se, pelo contrário, deixarmos que o poder financeiro, o seu “braço político” (os governos de direita que dominam a Europa, os burocratas da Comissão Europeia e do BCE) e os seus aparelhos ideológicos (a maior parte da comunicação social e das universidades de economia dominadas por esse mesmo poder financeiro) ganhem esta guerra e deixando-nos adormecer ao som da austeridade sem fim e do pensamento único neoliberal, então será bom que nos preparemos para o fim do Euro, da União Europeia, da paz e da relativa prosperidade em que nos habituamos a viver. Se eles vencerem, a Europa vai regressar à miséria e à barbárie de outras épocas, uma situação que não será  muito diferente do modo de vida da maior parte das populações africanas ou latino-americanas.
Pode já não ser em nome do nosso futuro, mas em nome das gerações mais novas e dos nossos filhos, que devemos usar todas as armas legitimas e democráticas ao nosso alcance para evitar essa situação.
Aderir a esta Greve Geral é um primeiro sinal de resistência…mas não vai chegar.»

20.11.11

BERNARDO SANTARENO, MÉDICO DOS BACALHOEIROS


                                                                                                                                       
 Releio NOS MARES DO FIM DO MUNDO, de Bernardo Santareno. Crónicas de intenso e apaixonado humanismo sobre a saga dos nossos pescadores de bacalhau. Santareno foi médico na frota bacalhoeira nas campanhas de 1957 e 1958.   Irei dando conta desta revisitação a um livro reeditado em 1999 pelas Edições Ática.

17.11.11

PRESOS?



Duarte Lima, pai & filho Ldª, foram presos!

Porquê este desconforto que sinto? Esta sensação de que amanhã eles andarão por aí outra vez, e até vão exigir indemnizações que terei de pagar?

As polícias prendem. E os políticos - onde imperam os advogados manhosos, que fazem as leis à medida... -  desprendem. Olfato de justiça à portuguesa...

16.11.11

PAGÃOS INOCENTES DA DECADÊNCIA

(Gauguin)

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
(Ricardo Reis, Odes)



Repito o último verso - "pagãos inocentes da decadência" - e só me vem à lembrança aqueloutro, de Réné Char: "On nait parmi les hommes, on meurt inconsolé parmi les dieux".
Está aqui toda a condição humana.

8.11.11


(...)
Ah portugal país sem pátria por trás
cabo do mundo eterno fim do ano
em ti me senti sempre encurralado
como se lá no extremo fosse o meu último dia
(...)


Do poema de Ruy Belo "Filologia-filosofia ou talvez la messe sur le monde ou testamento a favor de uma entusiasta do campo", do livro Transporte no Tempo.

Foto (C) Méon

6.11.11

PASSEANDO PELAS TERMAS DOS CUCOS E ARREDORES DE TORRES VEDRAS









As Termas dos Cucos, lugar de extrema beleza. Abandonadas, como tantas coisas neste país. 
Dizem-me que os sete herdeiros do saudoso dr. Neiva Vieira não se entendem. Resta este cenário de telenovela, envelhecendo em solitária dignidade e abandono.



O caminhante aventurou-se por caminhos enlameados porque a manhã rompeu em sol e ar fresco e límpido. Com ele, mais 25 caminheiros.

Estamos perto da auto-estrada A8. Ao longe, à direita, a Quinta da Portucheira de onde vem o belo tinto "Galantinho" que me alegra a mesa.

 Olha, Torres Vedras lá em baixo. Vêem-se bem o Forte de S. Vicente, o Castelo e Santa Maria do Castelo. Aquele monstro ao meio é o prédio do Choupal.


Aqui é o Vale Escuro. Foi complicado: sempre a subir, pelo leito de uma ribeira, com água, pedras e lama. Fundamental, a ajuda do bastão de apoio.

Outra vez Torres Vedras: lá está o Castelo, a Igreja e, mais acima à direita, a ermida do Forte de S. Vicente.

Foto tirada de cima do morro onde foi escavado o primeiro túnel do caminho de ferro. Vê-se a linha e o segundo túnel, ao fundo.

Chegamos de novo às termas dos Cucos, descendo pela serra que as separa da cidade.

Foram cerca de 10 km, numa organização da Associação de Marchas e Passeios do Concelho de Torres Vedras.

5.11.11

RUY BELO - colóquio, 3 e 4 de novembro


Lá estive no Colóquio sobre Ruy Belo, na Gulbenkian, 3 e 4 novembro.
Muita gente, alguns conhecidos do JL. Organização vulgar, pobrezinha, nem uma esferográfica para apontamentos. Tá bem é a crise, pronto. Até nos horários, sempre atrasados, sina de todos os colóquios e congressos em Portugal.

As comunicações: salvo raras exceções, foram fastidiosamente lidas, sem preocupação de comunicar,   em tumular monotonia. Gente sentada, sem levantar os olhos do papel.  Para isso, esperava uns meses para as ler, no aconchego da manta nos joelhos ou na prática de tirar apontamentos sentado à mesa. Levantar-me cedo, fazer uma viagem, andar à chuva… para ouvir uns sujeitos debitarem as sua páginas ensaísticas, densas e de difícil apreensão imediata? Já vou tendo pouca paciência…

As exceções salvaram os dias. Gastão Cruz, Rosa Martelo, Vasco Graça Moura… E a abertura, com as comunicações (estas, sim, com vida e com olhos para nós) de Rui Vilar e António Feijó.
E o fecho, com uma hora de leitura de poesia por Rita Blanco e Luís Miguel Cintra. Momento único, a leitura do magnífico “Tu estás aqui”.

Acabou por valer a pena. A Gulbenkian é um oásis de serenidade. Gosto daqueles espaços, as exposições, a cafetaria/restaurante self-service.
E os livros! Trouxe a Colóquio Letras dedicada ao poeta e o livro álbum O Núcleo da Claridade, com fotos evocativas, feito pelo filho, Duarte Belo. Para além de uma partilha linda: O Tempo das Suaves Rapariga e Outros Poemas de Amor.