30.5.11

OLHAI OS MORANGOS DO CAMPO

9.30H : partida do Ameal

Ontem foi dia de marcha pelos campos do Ameal (freg. do Ramalhal, Torres Vedras), a chamada Rota do Morango.
Dez km por terras de charneca, secas e escalvadas. Mas a água faz milagres, basta saber como: captá-la, conduzi-la, espalhá-la gota a gota. E assim nasceram os morangais nos terrenos baixos da bacia do rio Alcabrichel. Dezenas de hectares de cultivo intensivo, para exportação ou bastecimento dos hipermercados.
Ficou um dado por esclarecer: tendo nós tantos desempregados, porque é que os trabalhadores do morango são romenos que para aqui vêm às dezenas?
A resposta talvez seja inquietante...






Havia autorização para apanhar e comer...





Uns trabalham, outros marcham...


O que é verde é morangal


De novo o Ameal, aldeia mimosa com sua capelinha.
Faltava o almoço de romaria, chave de ouro!

UMA SÉRIA ATITUDE CÍVICA: ABSTENÇÃO!

Que dizer sobre esta desgraçada vida política portuguesa?
Enquanto os políticos profissionais enrouquecem a gritar bocas uns contra os outros, o FMI já cá está outra vez para verificar se os compromissos estão a ser cumpridos.Lógico: o dinheiro é deles, tratam de o defender.

Enquanto isso, em Bruxelas os ministros das Finanças (o português tb lá estava!) alteraram o texto do acordo assinado em Portugal e apertaram mais os prazos e as condições. Alguém ouviu explicações em Portugal sobre o assunto? Só acusações mútuas.

Sabendo que ninguém vai ganhar as eleições com maioria absoluta, impunha-se que os políticos pensassem em acordos, negociações, preparação para o dia 6 de Junho, quando acabar o carnaval eleitoral. Ilusão nossa. Cada um tem a verdade no bolso e saca dela como pistoleiro. Mas é pólvora seca, muito barulho para nada.

Tal como muitos pessoas que oiço por aí, não me sinto representado por nenhum partido político. Isto não significa que seja anti-democrático, que esteja contra a democracia representativa. Significa apenas que não subscrevo nenhuma proposta de nenhum dos partidos que vão a votos.

Já o exprimi aqui: sou de esquerda. O que quer dizer que sou por uma vida social em que as necessidades colectivas estejam à frente das individuais, em que os transportes públicos sejam mais importantes do que os automóveis, em que os hospitais e as escolas públicos tenham mais apoios do que as clínicas privadas e os colégios.
No entanto, os partidos que defendem isto não conseguiram adoptar uma estratégia positiva que lhes desse a possibilidade de serem governo. Não passam de partidos de protesto, de indignação, que se esgotam na exigência de que "os outros" mudem de política. Claro que os outros não mudam porque fazem o que está na sua natureza.

Quem quer que ganhe as eleições no próximo domingo terá de cumprir o programa da trioka. E os senhores políticos que dizem que não, que se deve renegociar a dívida, etc. - como se fossem eles os credores! - sabem muito bem que o não cumprimento do tal programa significa não haver dinheiro para salários, subsídios de desemprego, subsídio de férias... Então para quê eleições? - é a pergunta legítima de muita gente. É a minha pergunta.
Sócrates será apeado do governo, parece certo. Mas... e depois? Um governo PSD/CDS vai mudar Portugal - cumprindo as ordens da troika? E se o povo acordasse FINALMENTE! - como sonha Jerónimo de Sousa e os comunistas - e lhes desse a vitória? O que fariam com ela?

Não me admira que mais de 50% fique em casa no próximo domingo. É o que eu farei. A abstenção, neste caso, é uma atitude cívica. Não significa desinteresse, desprezo pela democracia, falta de sentido cívico, indiferença, comodismo. Antes pelo contrário. É um fortíssimo sinal de aviso, uma recusa indignada, uma tomada de posição séria. Que a mim, que conheci a farsa das eleições salazaristas e marcelistas, me custa a adoptar. Mas que escolho por ser a única que me parece adequada para as actuais circunstâncias.

Termino com a transcrição deste magnífico texto do Baptista Bastos, desencantado e lúcido. Subscrevo-o por inteiro.

«Muitos portugueses já perceberam que nada ficará resolvido, depois do 5 de Junho.

Não é, somente, o facto de Sócrates, Passos e Portas se execrarem. É porque as circunstâncias pessoais (ambição de poder pessoal) são impeditivas do mais leve entendimento. Apenas isso.
Porque, ideologicamente, andam de braço mais ou menos dado. O cenário é deplorável. O que, nas televisões, dizem uns dos outros só não é injurioso porque houve, e há, quem se lhes antecipe. E não aludo, exclusivamente, ao apenas concebível dr. Catroga, nem ao inolvidável dr. Lello.
(...)
Ao que parece, ninguém quer debruçar-se sobre a situação e analisar as possibilidades de risco que o sistema, cada vez mais ameaçador, envolve. Aqueles três dirigentes políticos portugueses nada trazem de novo. E a Esquerda, à esquerda do PS, quero dizer: o PCP e o Bloco, estão à defesa, recuperando antigos projectos, mas sem propostas originais destinadas a enfrentar os perigos terríveis que se acumulam no nosso horizonte. A crise não é unicamente económico-financeira. É mais ameaçadora e extensa porque é uma crise moral.
O Bloco está a perder votos porque está a perder a genuinidade essencial das suas origens. E o PCP não deve articular o seu discurso em vagas hipóteses de futuro. Quando Jerónimo de Sousa diz que os comunistas irão para o poder quando o povo assim o desejar, a afirmação, repetida, peca por insinceridade. O voto surge quando a retórica é alterada. Ora, sabe-se muito bem que o PCP não pode mudar o discurso sob risco de decrescer. As manifestações populares da "Geração à Rasca", e outras, são sintomas de que a juventude quer outra coisa que não aquela que se lhe apresenta, por ineficaz e insistentemente obsoleta. E que querem esses moços que enchem as ruas, um pouco por toda a Europa, e que sobressaltaram a França e o mundo na década de 60? É aí, creio, que reside o busílis da questão.
Temos de assumir a coragem de reconhecer que as nossas ofertas ideológicas já pouco ou nada dizem aos nossos filhos. O que construiu a nossa incontestável autoridade intelectual e ética perdeu-se porque nos acomodámos. Hoje, somos aqueles que atacámos, contestámos e combatemos. Envelhecemos sentados no sofá, frente à televisão. Um ou outro madura que ainda se indigna, que ainda escreve textos desabusados e gesticulantes é uma velharia; uma velharia simpática e estimável, mas velharia.
Que significado profundo têm, para o pessoal mais novo, as palavras comunismo, social-democracia, revolução? "Os grandes revolucionários de hoje serão os grandes sociais-democratas de amanhã", disse Willy Brandt, numa frase que ficou famosa pela autenticidade que a sustentava. Hoje, nem isso. A etimologia de certas palavras, que empolgou, por exemplo, a minha geração e a anterior, perdeu peso e sentido. E é isso, a dor de sentirmos que as coisas deixaram de ter significado, que nos amolga, nos dói e nos afronta.
Diz-se que os deveres cívicos foram dissolvidos por outras urgências e necessidades ou, simplesmente, porque deixaram de nos interessar. O voto, por exemplo. Todos recordamos o regozijo e a exultação dos primeiros tempos, quando presumíamos que o nosso destino estava naquele pequeno pedaço de papel. Acabou-se a magia. A abstenção cresce, em doses enormes: colocamos no poder, pela nossa negligência, criaturas impreparadas que somente vão tratar da vidinha. Dizem que as novas gerações possuem mais qualidade e maior e melhor preparo do que as anteriores. É capaz de ser verdade. Pelo menos apresentam o "canudo." Mas que futuro o futuro lhes reserva?
Ninguém lhes liga nenhuma. Em laboratórios minúsculos, quase vãos de escada, numerosos rapazes e raparigas dedicam a vida a investigar, a fazer avançar a ciência, com resultados absolutamente extraordinários. Pois o esforço admirável dessa gente, que chega a comover-nos e a orgulhar-nos, raramente atinge a nobreza das primeiras páginas dos jornais, e nunca, por nunca ser, abrem os noticiários da noite. Em seu detrimento põem preopinantes ignaros a debitar opiniões vãs e tolas. A lista de imbecis que incha as televisões chega a ser insultuosa. Não é um problema de Direita ou de Esquerda: é burrice e ignorância ostensiva.
Estas anomalias não se curam nem se atenuam de um dia para o outro. Eu sei. Mas talvez pudesse haver um pouco mais de humildade e de precaução. E, também, de saber e de conhecimento. Aqueles senhores que, a partir de 5 de Junho, vão dirigir este pobre a amado país, nada vão mudar em nosso benefício. O breviário que trazem no bolso é uma antiguidade rançosa, medíocre e inútil.»

28.5.11

IMAGENS DO MEU OLHAR - PORMENORES



Concelho de Torres Vedras (fotos Méon)

 


A Vida

A vida, as suas perdas e os seus ganhos, a sua
mais que perfeita imprecisão, os dias que contam
quando não se espera, o atraso na preocupação
dos teus olhos, e as nuvens que caíram
mais depressa, nessa tarde, o círculo das relações
a abrir-se para dentro e para fora
dos sentidos que nada têm a ver com círculos,
quadrados, rectângulos, nas linhas
rectas e paralelas que se cruzam com as
linhas da mão;

a vida que traz consigo as emoções e os acasos,
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando; essa vida que leva consigo
o rosto sonhado numa hesitação de madrugada,
sob a luz indecisa que apenas mostra
as paredes nuas, de manchas húmidas
no gesso da memória;

a vida feita dos seus
corpos obscuros e das suas palavras
próximas.

Nuno Júdice, in "Teoria Geral do Sentimento"






26.5.11

ADEUS, LIMA FERNANDES!



 Anos 60, Alpiarça e a sua equipa sensacional de ciclismo ,  "Os Águias de Alpiarça". Eu era um miúdo e vibrava com aqueles heróis do pedal.
Alpiarça tinha uma das poucas pistas de ciclismo do país. Ali assisti a duelos memoráveis entre Os Águias e equipas como o Sporting ( com Américo Raposo), o Sangalhos ( com Alves Barbosa), o Porto (com Sousa Cardoso) ou o Académico ( com Ribeiro da Silva).

Um dos meus heróis era o Lima Fernandes, um portento de força muscular, ao jeito do que viria a ser o nosso Joaquim Agostinho.
Mais tarde encontrei o filho aqui em Torres Vedras, num Grande Prémio de Ciclismo. Falei-lhe, perguntei pelo pai.
Estávamos longe de imaginar que, um ano depois, este Lima Fernandes júnior viria a morrer no Grande Prémio de T Vedras, vítima de ataque cardíaco, a que não terá sido alheio o uso de doping.
Deste jovem podemos ver AQUI um emocionante relato dos seus feitos de ciclista, em provas no Brasil.

Seu pai, o velho campeão dos anos 6o, ficou destroçado de dor. Proibiu o outro filho de se tornar corredor de ciclismo. Mas - ironias da vida: também este viria a morrer sobre duas rodas, num desatre de moto.

O pai sobreviveu, na dor e na saudade. Homem íntegro, era conhecido em Alpiarça pelo seu carácter franco, solidário, corajoso.

A morte veio agora buscá-lo, aos 76 anos.
Adeus meu velho campeão!

25.5.11

IMAGENS DO MEU OLHAR

Tempo e lugar: poucas vezes a identidade é tão perfeita.

Azenha de Santa Cruz, Torres Vedras(foto Méon)


Fernando Jorge Fabião visitou-me um dia destes. Com um poema na mão e os olhos iluminados.
Nítido, puro, límpido.
Casa habitada de alvura à beira mar.



ESCREVER
 Uso asas para efeitos de escrita
porque escrever
é uma coisa indestrutível

como residir na casa branca
da infância
ou convocar aromas, utensílios
colheitas iluminadas.

 Uso vogais para comover a pedra
quero habitar a árvore
até alcançar a ciência dos ramos
e escutar a perplexidade do verde.
 Fernando Jorge Fabião

22.5.11

SAIR DAQUI





«O verdadeiro problema que enfrentamos no rescaldo de 1989 não é o que pensar do comunismo. A visão da organização social total - a fantasia que, de Sidney Webb a Lenine, de Robespierre a Le Corbusier, animou os utópicos - jaz em ruínas. Mas a questão de como nos organizarmos para o benefício comum continua tão importante como sempre. O desafio para nós é recupe­rá-lo dos escombros.» (Tony Judt em: UM TRATADO SOBRE OS NOSSOS ACTUAIS DESCONTENTAMENTOS, ed. 70, 2011)

Muitas vezes sinto-me resvalar para a descrença num futuro melhor da humanidade. É certo que vivo na Europa, uma parte do mundo em que a vida nunca foi tão rica em possibilidades de conforto material - os africanos que cruzam desesperadamente o Mediterrâneo sabem-no, mesmo que depois venham a ser varredores de lixo.
Mas as medonhas contradições  que atravessam esta sociedade e o gigantismo dos problemas económicos, de dimensão planetária, parecem dar razão à minha descrença, reforçada pela hecatombe humana em muitas partes do chamado Terceiro Mundo. Que fazer? - é a pergunta angustiada. Minha e de muitos que um dia acreditaram em amanhãs que cantam e olham o negrume em que estamos a cair.

Por isso olho para a Praça do Sol em Madrid, como olhei para o Cairo ou para a Tunísia, meses atrás, com um misto de esperança e de cepticismo. No meu espírito ecoam os exemplos de "Mãe Coragem" e dos camponeses da minha terra nos anos 50, mas não consigo esquecer as páginas negras de "Se isto é um homem ", de Primo Levi.

Releio o testamento espiritual deTony Judt e sinto-me confortado pelo gesto derradeiro deste  investigador e cientista social. Sabia que estava a morrer mas continuou à procura da saída do seu labirinto. Ele incita-me a não desistir de tentar.

21.5.11

QUEM GANHOU? QUEM PERDEU?




Neste "grande e decisivo debate", acho que ninguém ganhou. 
E que perdemos todos!
Perdemos tempo. Perdemos paciência. Perdemos uma oportunidade de sermos esclarecidos.

Porque a questão central é esta:

1 ---» ou temos em conta que há um "programa/acordo" já estabelecido pela Troika e assinado por três partidos - e então o que eles têm é de discutir a forma de o pôr em prática; logo, têm de saber dialogar, convergir e concretizar. Mas o que vimos foi os líderes dos dois maiores partidos do acordo mostrarem hoje que não querem nem sabem dialogar. Sócrates continua arrogante, teimoso e incapaz de reconhecer os erros. E P. Coelho não explicou claramente como vai fazer melhor sem mexer no Estado Social. Houve pugilismo verbal e perdeu-se o debate de soluções no contexto do tal "programa/acordo".

2 ---» ou não aceitamos esse "programa". Essa é a posição do PCP e do BE. Estes partidos sabem dizer o que não querem e apontam caminhos alternativos, mas são incapazes de nos explicarem como percorrê-los. Isto é: não têm soluções políticas dentro do quadro democrático.
O PCP não se cansa de apelar a "uma política patriótica e de esquerda" e repete o seu programa de 2009, como se não houvesse pré-bancarrota, troika e contexto internacional. Vai a votos e alimenta a secreta esperança de que o povo acorde, FINALMENTE! - e vote PCP. Mas não explica como faria Governo se essa fantástica hipótese se concretizasse, ele que nem uma Frente Comum Eleitoral consegue delinear com o outro partido da esquerda, o BE.
BE que, por sua vez, fala como se tivesse uma expressão eleitoral esmagadora - esquecendo que só tem alguma audiência porque há muitos descontentes, mas sendo incapaz de propor alternativas políticas viáveis e credíveis. De modo que esta esquerda é pouco menos que inútil. Dá voz ao descontentamento mas não apresenta meios para o solucionar - a não ser no muito longo prazo.

Por isso não me sinto representado por nenhuma das forças políticas em presença. Por isso acho estas eleições uma perda de tempo e de dinheiro. Por isso ponho claramente a hipótese da ABSTENÇÃO.
Não voto em BRANCO porque isso equivale a dizer "para mim qualquer um serve", quando na verdade nenhum serve.
Não voto NULO ( com uma diagonal em todo o boletim) porque isso é fazer equivaler o voto a um engano ou preenchimento deficiente.
ABSTENÇÃO como acto cívico que quer dizer: não alinho nessa comédia, os dados já estão lançados e viciados à partida, recuso-me a caucionar esta farsa.

18.5.11

IMAGENS DO MEU OLHAR - IMÓVEL NO TEMPO

O Castelo de Torres Vedras, aguarela de António Bártolo


 

À noite, a partir do último andar do Hotel Império




E na manhã seguinte...
Fotos Méon, 2011

17.5.11

ENIGMA



 
“(…) o enigma do tempo é a questão que não pode ser iludida: com que pressa passou tudo o que passou às vezes tão devagar?”
(Eduardo Prado Coelho, A Poesia Ensina a Cair)

(Foto Méon, Ruínas do Palácio dos Alcaides - Castelo, Torres Vedras, Maio 2011)

15.5.11

AINDA MANUEL ANTÓNIO PINA






Esplanada

Naquele tempo falavas muito de perfeição
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão.

agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro de mim.

O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas inúteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.

Eduardo Prado Coelho, no livro A POESIA ENSINA A CAIR:

"Manuel António Pina é certamente um dos nomes fundamentais da actual literatura portuguesa."

"... parece-me um dos autores contemporâneos que mais explicitamente parte de Pessoa."





Olá Manuel António Pina, Prémio Camões 2011!

Leio:

Amor como em Casa

Regresso devagar ao teu

sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que

não é nada comigo. Distraído percorro

o caminho familiar da saudade,

pequeninas coisas me prendem,

uma tarde num café, um livro. Devagar

te amo e às vezes depressa,

meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,

regresso devagar a tua casa,

compro um livro, entro no

amor como em casa.



Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde".

Este é um homem discreto. Redescubro a sua escrita, numa altura em que só lia dele as crónicas no Notícias Magazine, do Jornal de Notícias. Quem conhece a vasta obra que já tem?

Ainda bem que há prémios literários...

8.5.11

IMAGENS DO MEU OLHAR - Rota das Ermidas 1

PASSEIO CULTURAL, ontem, organizado pela Associação do Património de Torres Vedras





Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres
(Caixaria, freg. de Dois Portos, Torres Vedras)

..........................................



Nª Srª da Purificação, aldeia de Sirol (Dois Portos)

"Hermida de N Srª da Purificação
Benta a 26 de Julho de 1749"


Nª Srª da Purificação
Interior, com os estuques em relevo, que justificam a classificação de "Imóvel de Interesse Público
(Decreto nº 47508, de 24/01/1967)


6.5.11

DESCULPE QUALQUER COISINHA...



Desculpe, senhor presidente!... Não me tenho portado bem... Como bolos ao pequeno almoço e às vezes ao lanche... Dou umas voltinhas de carro, devia de andar a pé... ando a gastar muito... nem sempre trabalho como devia...não faço poupanças... exijo muito do Estado...
Não ralhe mais comigo, eu vou portar-me melhor... o senhor desculpe...
Precisa de mais alguma coisa? Veja lá...

PORTUGAL








Há dias passei por Manique do Intendente ( concelho de Azambuja).

O palácio inacabado lá permanece, na inutilidade do seu estar ali. Pareceu-me a metáfora perfeita de Portugal...
Observem-se as imagens: a frontaria... as traseiras... ( de um lado até se pensou fazer o resto em... tijolo!)

Ali perto, a Praça dos Imperadores! Vazia!



5.5.11

COM MEDIDAS E SEM POLÍTICOS


Estou a tomar conhecimento. Sobretudo a conhecer a cada vez maior incapacidade dos nossos líderes políticos para enfrentarem os problemas.
O modo como o PS e PSD reagem às medidas impostas de fora é elucidativo. Continuam a agredir-se, sabendo que são obrigados a entender-se depois do 5 de Junho.

Quanto "à esquerda à esquerda" do PS, pior ainda. Incapazes de uma plataforma comum que potencie o seu peso eleitoral, acantonados nos seus bunkers ideológicos, esgotam a intervenção em apelos moralistas inconsequentes. Um deles acaba de apelar a que o povo não aceite estas medidas...

Sim, vamos indignar-nos. Sim, vamos recusar. Mas...o que vale isso politicamente?

4.5.11

GOSTO DO PEDRO TÁMEN


Mas já houve tempo em que o detestei. Alguns títulos dos seus livros ("Horácio e Coriácio"....), o contorcionismo da escrita poética ( "...e não é dito assim / que assim se inspira / um outro canto ou este, / mas nem dizendo, até que fica / tal como aquela aberta, / a luz fechada / - mais íntima e transposta."), até o aspecto do homem...
Um dia - em 1991! - Pedro Támen veio a Torres Vedras participar num Poesia ao Jantar organizado pela Cooperativa de Comunicação e Cultura. Fui lá jantar, serviram-me poesia à sobremesa  e fiquei a gostar dele.
A "Tábua das Matérias" - compilação da sua obra poética de 1956 a 1991 - passou a fazer parte dos meus livros de cabeceira.
Tenho seguido o seu percurso poético e profissional, o labor de tradutor premiado. Soube da aposentação, li há semanas a bela entrevista à LER. Comprei o "O LIVRO DO SAPATEIRO" (Dom Quixote, Lx, 2010).
Nunca me senti defraudado, antes enriquecido com a maneira de ser deste homem simples, despretencioso mas sábio e experiente, com uma vida cultural rica e intensa.
Vi ontem num jornal que "O Livro do Sapateiro" foi distinguido com o prémio de Poesia da APE. Fiquei contente por ele e pela poesia, nosso território de verdade e essência.






Este livro tem 49 poemas. Leio o 48:

Ardem-me os olhos de tanto me fixar
no presente vivido. Choro
inundando o que nas mãos seguro.
E é com as lágrimas dos dias,
com este pranto reclinado,
que à obra puxo o lustro,
dou brilho à sua vida, à minha.

1.5.11

IMAGENS DO MEU OLHAR - NUVENS



Passeando em Torres Vedras, num dia de sol, há dias...


 Parque da Várzea

Joaquim Agostinho

Centro histórico

 




Parque da Várzea
(Fotos Méon)